Do que o Brasil precisa para crescer? Líderes de grandes empresas opinam

Executivos defendem reforma tributária, inovação tecnológica e melhor ambiente para os negócios

Diante de um baixo crescimento da Economia brasileira e de tudo que isso repercute (desemprego, queda na produção, na renda do brasileiro, inflação, falta de credibilidade), líderes de grandes empresas que atuam em Minas Gerais dão a dica do que fazer para o Brasil voltar a ter um desempenho satisfatório em seus indicadores.

O TEMPO entrou em contato com várias lideranças empresariais e fez a mesma pergunta para todos: “O que líderes de grandes empresas sugerem para a economia do país crescer?”.

Reformas, capacitação e tecnologia

Um dos principais apelos foi a reforma tributária, travada há anos no Congresso Nacional.  “Acredito que são cada vez mais urgentes uma reforma tributária, que consiga simplificar esse cipoal que impede uma maior produtividade das empresas, e uma redução do Custo Brasil, que compromete a competitividade da nossa indústria”, disse Sergio Leite, presidente da Usiminas. “É necessário adotar medidas firmes e urgentes — como as reformas tributária e administrativa — para destravar a economia nacional”, completou Jefferson De Paula,  presidente da ArcelorMittal Brasil e CEO ArcelorMittal Aços Longos LATAM e Mineração Brasil.

A capacitação técnica e o desenvolvimento humano e tecnológico também fizeram parte das sugestões dos executivos. “Esperamos que o Brasil aproveite este ciclo de transformação e consiga atrair novas tecnologias e novas indústrias para que se instalem aqui”, salientou Antonio Filosa,  presidente da Stellantis para a América do Sul.  “É necessário que se invista em educação, infraestrutura e na saúde”, defende Henrique Salvador, presidente da Rede Mater Dei. “É fundamental um grande investimento em uma jornada de inovação, em propriedade intelectual”, completou  Rodrigo Coelho, CEO da Pif Paf Alimentos.

Da mesma forma, as lideranças defendem um melhor ambiente para negócios no Brasil.  O presidente da Ale, distribuidora de combustíveis, Fulvius Tomelin disse que é importante o estado não intervir no dia a dia da economia. “Trabalhar com tantos obstáculos assim já é difícil; porém, aqui no Brasil, ainda temos a capacidade de ampliar as incertezas, com a presença do Estado em todas as suas esferas, interferindo no dia a dia da economia com normas, decisões, regulamentações”. disse. “Precisamos melhorar a atratividade para os investidores e estimular a confiança em nosso ambiente de negócios”, completou Lauro Amorim, vice-presidente de Sustentabilidade e Assuntos Corporativos da AngloGold Ashanti.  “É preciso tirar as amarras do setor produtivo para que ele possa gerar prosperidade para esta e as futuras gerações”, reforçou Flávio Roscoe Nogueira, presidente da Fiemg e da Colortêxtil.

Volta por cima

Dar a volta por cima após os impactos causados pela pandemia também está presente na esfera de opiniões dos líderes consultados pela reportagem de O TEMPO.

“Um passo essencial para a retomada do crescimento do país após a pandemia é, sem dúvida, a geração de novos postos de trabalho, que garantem a sustentabilidade de milhares de famílias e negócios de diferentes segmentos, estimulam o consumo”, disse Miguel Magnavita, superintendente do Shopping Del Rey. “Hoje, não há evolução desatrelada das práticas de sustentabilidade, responsabilidade social e governança comprometida e transparente. A sociedade e, consequentemente, o mercado, cobra seriedade com relação a esses temas”, disse ainda Wagner Sampaio, presidente da RHI Magnesita para a América do Sul.

Sustentabilidade e criatividade

Sustentabilidade também está no foco das sugestões dos executivos. “Cada vez mais, as agendas de sustentabilidade e inovação devem ser fatores cruciais nas discussões e planejamento do setor industrial brasileiro”, analisou Gustavo Werneck, CEO da Gerdau. “Também acredito que um passo importante seria colocar em prática a reforma administrativa do setor público para permitir o melhor ordenamento dos gastos”, afirma o presidente do Sicoob Credicom, João Augusto Oliveira Fernandes.

Modesto Araujo, presidente da Drogaria Araujo, manda uma mensagem de perseverança: “‘Crise’, quando se tira o ‘S’, se transforma em ‘crie’. A crise, com criatividade, muito trabalho, e uma carga tributária menor, é uma oportunidade de melhora e crescimento”.

Baixar o custo da máquina pública

“Reforma administrativa com redução do custo da máquina pública, abordando não apenas o executivo, mas o legislativo e judiciário também, poderes estes dos mais caros do mundo e com baixíssimo retorno para a sociedade”, disse Ricardo Cotta , ex-diretor da Itambé e empreendedor no ramo imobiliário e em Ag e Foodtech.

Jéssica Oliveira, Líder regional da XP Inc em Minas Gerais, faz uma lista de prioridades: “Crescimento econômico de um país é consequência de diversos fatores: educação de qualidade; aumento da taxa de investimento; progresso tecnológico; ampliação de infraestrutura; melhoria do ambiente de negócios; responsabilidade fiscal; instituições sólidas e transparentes; igualdade socioeconômica; ganhos sustentáveis de produtividade, segurança, desenvolvimento de diversos setores”.

“Atualmente, o que mais se vê são servidores ou servidores aposentados ganhando mais que o teto previsto na Constituição Federal, chegando muitas vezes ao absurdo de ganharem mais de R$ 500 mil num só mês. Todo o custo da máquina é bancado com o dinheiro do povo”, concorda Chrystofer Sales, sócio da Briner Empreendimentos e associado do Instituto de Formação de Líderes (IFL-BH).

Controle da inflação

“Acredito que o grande desafio da economia, neste momento, seja o controle da inflação. Os preços das commodities subiram após a invasão da Rússia na Ucrânia, pressionando principalmente os setores agrícolas e energéticos, aumentando o risco inflacionário em todo o mundo”, conclui Daniel Salvador, CCO e diretor geral da corretora Finlândia, Daniel Salvador.

O que líderes de grandes empresas sugerem para a economia do país crescer?

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Antonio Filosa

Presidente da Stellantis para a América do Sul

“A indústria automobilística atravessa, no Brasil e no mundo, o mais rico período de transformação de sua história. Tudo está em evolução no setor e isto tem grande importância para a indústria nacional como um todo e para a economia, pois a cadeia de valor automotiva é longa e diversificada, demandando insumos e componentes de vários segmentos industriais. Esperamos que o Brasil aproveite este ciclo de transformação e consiga atrair novas tecnologias e novas indústrias para que se instalem aqui. Há muito espaço para tornar o parque industrial mais sofisticado e complexo. Um exemplo: os veículos e outros produtos industrializados evoluem e incorporam novas funções, necessitando cada vez mais de chips eletrônicos para sua operação. Há espaço para desenvolver a cadeia de produção de semicondutores no país, pois sua demanda é crescente local e globalmente.

No cenário macro, a expectativa da indústria é a aprovação da reforma tributária. A simplificação das regras tributárias trará ganhos efetivos para a competitividade do País e esta é uma prioridade para nós”.

 

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Sergio Leite

Presidente da Usiminas

“Produção de aço e crescimento econômico têm uma estreita relação e, conforme dados do Instituto Aço Brasil, permanecemos num nível muito alto de capacidade ociosa na nossa indústria. Para nós, é fundamental que o país acelere seus índices de crescimento.  Para isso, entre outras medidas importantes, acredito que são cada vez mais urgentes uma reforma tributária, que consiga simplificar esse cipoal que impede uma maior produtividade das empresas, e uma redução do Custo Brasil, que compromete a competividade da nossa indústria.”

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Jefferson De Paula 

Presidente da ArcelorMittal Brasil e CEO ArcelorMittal Aços Longos LATAM e Mineração Brasil 

“O Brasil tem enorme potencial, mas os setores público e privado precisam trabalhar juntos para ampliar as oportunidades e impulsionar um crescimento sustentável, que combine avanço econômico com os pilares social e ambiental. A educação precisa ser prioridade, pois é a base para o desenvolvimento. O compromisso do país com projetos educacionais efetivos e vinculados a resultados não pode mais ser adiado. Outro ponto fundamental é o combate ao chamado “custo Brasil”, que limita a competitividade das nossas empresas e influencia negativamente o ambiente econômico. É necessário adotar medidas firmes e urgentes – como as reformas tributária e administrativa – para destravar a economia nacional. O nosso sistema tributário é complexo e ultrapassado e estimula a crescente informalidade. Já a reforma administrativa otimizaria a máquina pública e possibilitaria a oferta de serviços públicos de qualidade, principalmente nas áreas da saúde e educação. Para completar, é imprescindível implementar uma agenda robusta de investimentos em infraestrutura voltada para estradas, portos, ferrovias e energia, além da universalização do saneamento básico e do combate ao déficit habitacional, na qual a indústria se engaje e contribua com geração de empregos, aumento da arrecadação, aquecimento da economia e a retomada do círculo virtuoso de crescimento”.

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Gustavo Werneck

CEO da Gerdau

“Cada vez mais, as agendas de sustentabilidade e inovação devem ser fatores cruciais nas discussões e planejamento do setor industrial brasileiro. A indústria do aço tem buscado atuar como protagonista em todas as dimensões ESG – ambiental, social e governança – visando um crescimento sustentável. Investimentos em inovação também são um caminho importante para a melhoria da competividade das empresas brasileiras.”

 

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Fulvius Tomelin

Presidente da distribuidora de combustíveis ALE

“O ambiente econômico, da forma que vivemos hoje, tem muita instabilidade. Temos um cenário de pós-pandemia, com enorme escassez de recursos, dificuldades nas cadeias de suprimentos e uma guerra, cujo desfecho ainda parece muito incerto.  Trabalhar com tantos obstáculos assim já é difícil; porém, aqui no Brasil, ainda temos a capacidade de ampliar as incertezas, com a presença do Estado em todas as suas esferas, interferindo no dia a dia da economia com normas, decisões, regulamentações, etc., que geram um grau enorme de complexidade na rotina das empresas. Não se trata de aliviar a legislação, mas torná-la simples o suficiente para que seja igual para todas as empresas — o que favoreceria a competição leal, reduzindo a vantagem que os sonegadores ou aqueles que operam de forma irregular obtêm. Só para se ter uma ideia, apenas no campo tributário, segundo o IBPT (Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação), cada empresa brasileira precisa seguir, em média, 4.626 normas tributárias, que abrigam 51.945 artigos com 121.033 parágrafos. Isso gera custo para a adequação das empresas e custo e incapacidade para o Estado fazer valer essas mesmas normas. Portanto, é fundamental que o Estado pense de forma ágil e prática, assim como vemos no ambiente de negócios privado, trabalhando sempre pela eficiência e buscando a redução dos custos invisíveis. Isso não se faz com mais legislação, mas, sim, com a melhoria, simplificação, pragmatismo e limpeza do que já temos em vigor hoje, tanto no campo tributário quanto nas demais áreas regulamentadas. Só esse fator já geraria um grande ganho de eficiência para a economia do país; e, apesar de haver várias outras questões que também gerariam mais crescimento, certamente essa seria a de maior efeito. As demais, o mercado consegue resolver de uma forma ou de outra”.

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Lauro Amorim

Vice-presidente de Sustentabilidade e Assuntos Corporativos da AngloGold Ashanti

“O Brasil tem um grande potencial para crescer e se consolidar entre as maiores economias do mundo. Mas precisamos melhorar a atratividade para os investidores e estimular a confiança em nosso ambiente de negócios. Uma questão fundamental é a redução do custo-Brasil e, sobretudo, dos impostos. Somos, por exemplo, o país com a maior carga tributária sobre o ouro no mundo na ordem de 21%, e temos projetos de lei que podem tornar a situação ainda pior. Isso coloca o país em desvantagem para competir internacionalmente. Além disso, incertezas quanto à legislação fiscal, trabalhista e mineral impactam a economicidade dos investimentos e geram riscos. Precisamos incentivar a segurança jurídica e institucional no país, promovendo o ambiente de negócios sustentável com benefício a toda a sociedade”.

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Wagner Sampaio

Presidente da RHI Magnesita para a América do Sul

“Os últimos anos de pandemia impactaram severamente a economia mundial e a retomada não será feita sem esforço. Os desafios para o Brasil alcançar níveis sustentados de crescimento econômico passam por um olhar estratégico e ações efetivas para gestão pública, investindo em reformas fiscais e tributárias, na modernização de infraestrutura e na educação. Também precisamos avaliar melhores práticas fiscais e logísticas frente a um mercado altamente volátil e instável. Tudo isso contribui para o desenvolvimento econômico, geração de empregos e segurança jurídica, resgatando a confiança para se investir no país. Há ainda questões globais fundamentais a serem encaradas de frente. Hoje, não há evolução desatrelada das práticas de sustentabilidade, responsabilidade social e governança comprometida e transparente. A sociedade e, consequentemente, o mercado, cobram seriedade com relação a esses temas. Não é uma questão de futuro, é um imperativo do presente. Precisamos, nos setores público e privado, articular questões como políticas de descarbonização, economia circular, diversidade, inclusão e ética na gestão. Planejar e construir a economia do futuro, mais limpa, eficiente, responsável e humana, demanda um compromisso público, privado e individual. Por isso, na RHI Magnesita, acreditamos e insistimos na manutenção do diálogo e na colaboração ativa para essa construção conjunta. E, pessoalmente, exerço minha cidadania em busca do crescimento do país”.

 

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Henrique Salvador

Presidente da Rede Mater Dei

“O Brasil é um gigante e, como tal, tem muito a crescer nos próximos anos e há condições para isso. Sua posição geográfica, seus recursos naturais, sua população, por exemplo. Para isso, é necessário que observemos algumas questões estruturantes e circunstanciais. Com relação à primeira é necessário que se invista em educação, infraestrutura e na saúde.  Além disso, é preciso que haja uma reforma tributária e administrativa para que se tenha a desoneração da iniciativa privada e uma melhoria da máquina pública”.

 

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Rodrigo Coelho

CEO da Pif Paf Alimentos

“Para a economia do Brasil crescer, eu sugiro um grande foco nacional do Estado —  independente de governo — em três pilares fundamentais. O primeiro pilar é o da simplificação. O país precisa de uma simplificação profunda e total de todos os processos, de todas as interações das pessoas e das empresas, com todas as entidades governamentais, nos níveis municipal, estadual e federal. Trata-se de grande pilar de simplificação e desburocratização do país. Isso é fundamental para destravar valor, para dar agilidade e criar um ambiente de negócios muito mais simples e robusto, para liberar mais investimentos das empresas nacionais e atrair mais investimento internacional. O Brasil, atualmente, é muito complicado e complexo. Muitas empresas evitam avançar com seus investimentos, já é complicado para os brasileiros, imagina para as empresas internacionais. Então, sugiro foco nesse primeiro grande pilar, pois é a simplificação que vai alavancar o crescimento do país. É a desburocratização e a digitalização de tudo aquilo que envolve as interações entre as empresas e as pessoas com o governo, em todas as suas esferas. Esse é o primeiro pilar, o primeiro ponto.

O segundo grande pilar para o crescimento do Brasil — no curto, médio e, fundamentalmente, no longo prazo — é um grande investimento em uma jornada de inovação, em propriedade intelectual. Com simplificação, incentivos, fontes especiais de financiamento vamos fomentar uma grande jornada pela inovação no país. O Brasil ainda é muito forte em produtos e serviços básicos e pouco inovador quando comparado com as grandes potências mundiais. Então, esse pilar, essa alavanca de inovação tem que ser uma política de Estado e uma grande jornada de parceria entre as empresas e as instituições federais. O segundo grande pilar é o foco completo e profundo na inovação. Inovações que vão transformar o Brasil em um país de vanguarda, em um país de ponta e exportador de tecnologias, de serviços e produtos de alto valor agregado, de forma a gerar muito mais riqueza do que o atual grande foco nas matérias-primas, que deve continuar, porém tem muito espaço para agregação de valor.

E o terceiro grande pilar, já com movimento de longo prazo, mas que é fundamental para o crescimento sustentável do país, é a educação. Foco na educação. Uma grande jornada pela educação. Na qualidade e na quantidade. O Brasil é um país ainda muito atrasado, quando comparado com as grandes potências mundiais, e isso atrapalha a inovação, o empreendedorismo, levando à criação de empregos de baixíssima qualidade, com uma renda baixa. A economia do Brasil tem um potencial muito maior do que o que tem sido exercido e colocado em prática. Então é educação, educação, educação para toda a população, de uma forma universal, completa e com muito mais qualidade do que nós temos hoje. Tem que ser um plano diretor, um plano estratégico, com começo, meio e fim, para a gente realmente atingir os padrões das grandes economias, dos grandes países mundiais.

Então, só para resumir, são três grandes pilares — há vários outros que eu poderia citar aqui — mas, primeiro, sugiro foco máximo na simplificação, na desburocratização e na digitalização do país. Em segundo lugar, foco na inovação, inovação e inovação. E o terceiro pilar é educação, educação e educação. Com isso, o Brasil vai destravar muito potencial de crescimento, muita geração de valor, vai crescer mais rapidamente e, o mais importante, de uma forma muito mais sustentável”.

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Flávio Roscoe Nogueira

Presidente da Fiemg e da Colortêxtil

“O que nós sugerimos é uma redução na burocracia, uma adequação nas leis, simplificação dos processos, liberdade para empreender, e esse trabalho já está sendo implementado pelo governo federal, mas precisa ser intensificado. O setor produtivo ainda é muito penalizado no Brasil e ele é o grande gerador de renda, o grande pagador de impostos, grande gerador de empregos e portador de futuro para o resto da sociedade. Portanto, é preciso tirar as amarras do setor produtivo para que ele possa gerar prosperidade para esta e as futuras gerações”.

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Miguel Magnavita

Superintendente do Shopping Del Rey

“Estamos em pleno processo de retomada das atividades econômicas, após dois anos impactados pelos efeitos da pandemia para a saúde e economia brasileira. O cenário ainda é de recuperação, mas o primeiro trimestre de 2022 já apresentou números positivos em muitos segmentos, mesmo quando comparados com 2019. Com planejamento e responsabilidade, é possível dar continuidade aos objetivos e projetos do período pré-pandemia, usando também os aprendizados adquiridos neste período mais crítico. Um passo essencial para a retomada do crescimento do país é, sem dúvida, a geração de novos postos de trabalho, que garantem a sustentabilidade de milhares de famílias e negócios de diferentes segmentos, estimulam o consumo e, assim, injetam mais recursos na economia. Para isso, precisamos de medidas públicas de apoio e incentivo às empresas, criando um ambiente de saúde e confiança financeira para que elas voltem a investir e desenvolver o mercado”.

 

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Jéssica Oliveira

Líder regional da XP Inc em Minas Gerais

“O crescimento econômico de um país é consequência de diversos fatores: educação de qualidade; aumento da taxa de investimento; progresso tecnológico; ampliação de infraestrutura; melhoria do ambiente de negócios; responsabilidade fiscal; instituições sólidas e transparentes; igualdade socioeconômica; ganhos sustentáveis de produtividade, segurança, desenvolvimento de diversos setores. Por isso, é preciso ter uma visão global e um plano de investimentos, de longo prazo, que considere todas essas frentes para que possamos alcançar um desenvolvimento efetivo e sustentável.  Algumas agendas, como a reforma da previdência, são importantes e indispensáveis para esse processo de consolidação econômica do país, pois atualizam gaps que impedem, hoje, a expansão dos negócios e refletem diretamente no desempenho da economia local. Mas é preciso considerar também o crescimento responsável e viável, social e ambientalmente, que vai garantir a longevidade do processo sem que haja prejuízos às gerações futuras.

Uma economia de base sustentável cria um cenário seguro e atrativo para o país, tanto no âmbito externo quanto no interno, gerando oportunidades e a consolidação de investimentos na nação. Em consequência disso, as empresas crescem, geram mais empregos e giram o mercado de maneira saudável. A prosperidade do país depende do sucesso dos bens e serviços e é preciso ter medidas que incentivem e apoiem esses negócios”.

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Modesto Araujo

Presidente da Drogaria Araujo

“Esse país tem tudo para dar certo. Temos que ter à frente um gestor competente, não um político para administrar o país. Precisamos de gente que consiga tocar esse crescimento sem burocracia, sem demagogia, sem custos exagerados e, principalmente, com muita seriedade e honestidade. ‘Crise’, quando se tira o ‘S’, se transforma em ‘crie’. A crise, com criatividade, muito trabalho, e uma carga tributária menor, é uma oportunidade de melhora e crescimento”.

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João Augusto Oliveira Fernandes

Resposta do presidente do Sicoob Credicom 

“Estamos diante de um cenário promissor para linhas de crédito, uma vez que as cooperativas financeiras dispõem de alta liquidez para empréstimos, e por outro lado certos de que a área de saúde segue com elevado potencial de negócio, sendo responsável por 10% do PIB brasileiro. Merece respeito e condições especiais para prosperar e é isso o que oferecemos como a maior cooperativa financeira da área de saúde do Brasil. Também acredito que um passo importante seria colocar em prática a reforma administrativa do setor público para permitir o melhor ordenamento dos gastos, gerando redução do déficit fiscal que ocasionará menor pressão sobre a taxa de juros, beneficiando as atividades produtivas e aumentando os investimentos. Outro ponto relevante é o melhor uso do dinheiro digital a partir dos canais de pagamentos e redução de emissão de moeda física, bem como melhorar a produtividade a partir de treinamentos e autodesenvolvimento dos funcionários para aumentar as receitas das empresas”.

 

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Daniel Salvador

CFO da corretora Finlândia 

“Acredito que o grande desafio da economia, neste momento, seja o controle da inflação. Os preços das commodities subiram após a invasão da Rússia na Ucrânia, pressionando principalmente os setores agrícolas e energéticos, aumentando o risco inflacionário em todo o mundo. No Brasil, o IPCA atingiu um dos níveis mais altos em 19 anos. Além disso, em cenários de conflitos geopolíticos, a tendência é os investidores migrarem seus investimentos para opções que o protejam desse cenário, cujo impacto afeta as pequenas e médias empresas, na medida em que o crédito fica mais escasso e com o custo mais elevado. Medidas que contornem essa situação também se fazem necessárias, pois, em cenários em que a escassez de crédito, a alta das commodities e a alta de juros estão presentes, o impacto de qualquer perda financeira pode determinar o fim de uma operação. Inclusive, isso tem despertado a atenção das pequenas e médias empresas em relação à necessidade de proteger melhor seu patrimônio, seus colaboradores e seu principal ativo, que são os clientes. Considerando esse contexto e reforçando o coro de muitos economistas, acredito que, para controlar a inflação, é preciso geração de emprego e renda, aspecto cuja principal alavanca são as pequenas e médias empresas, junto com a retomada da industrialização.

Outro fator importante é o investimento em tecnologia, que tem acelerado e escalonado diversos setores. No mercado de seguros, por exemplo, o uso da tecnologia vem descobrindo novas formas de cobrir riscos tradicionais, bem como riscos que há cinco ou dez anos não existiam, inclusive com novas seguradoras entrando de maneira consistente no mercado brasileiro. Nesse contexto, unir todos esses fatores contribui para a sustentabilidade dos negócios”.

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Ricardo Cotta

Ex-diretor da Itambé e empreendedor no ramo imobiliário e em Ag e Foodtech

“O clichê ‘ter um ambiente de negócios propício’ não se trata de uma bala de prata e, sim, de um conjunto de fatores.  Reforma tributária com simplificação e adoção do IVA e redução da carga no decorrer do tempo. Reforma administrativa com redução do custo da máquina pública, abordando não apenas o Executivo, mas o Legislativo e Judiciário também, poderes estes dos mais caros do mundo e com baixíssimo retorno para a sociedade. Investimento em infraestrutura, aprimorando regras e concessões para atrair capital privado. Melhorar gastos com educação para formação de jovens em áreas relacionadas à tecnologia”.

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Chrystofer Sales

Sócio da Briner Empreendimentos e associado do Instituto de Formação de Líderes (IFL-BH)

“Minha sugestão para a economia do país crescer se baseia em 3 vertentes:

– Reforma tributária;

– Redução da máquina pública; e

– Abertura de mercado.

Reforma tributária:

Além das empresas terem um alto custo com tributos, em razão da desorganização das regras tributárias, as empresas gastam um enorme tempo com a burocracia tributária, perdendo cinco vezes mais tempo que a média da América Latina, o que, por consequência, aumenta os gastos com empresas de contabilidade e escritórios de advocacia, por exemplo. Isso se a empresa for grande, pois se for o pequeno empresário, ele vai amargar altos custos e poderá, inclusive, quebrar. Dessa maneira, em vez de gastar rios de dinheiro com o atual sistema tributário, com a sua simplificação, as empresas investiriam em expandir o seu negócio, contratando mais pessoas e aumentando os salários de seus colaboradores. Bom para todos os lados, para a empresa e para os empregados.

Redução da máquina pública:

Atualmente, o que mais se vê são servidores ou servidores aposentados ganhando mais que o teto previsto na Constituição Federal, chegando muitas vezes ao absurdo de ganharem mais de 500 mil reais num só mês. Todo o custo da máquina é bancado com o dinheiro do povo, principalmente levando-se em consideração que a maior parte da arrecadação vem do imposto sobre consumo. Dessa maneira, se reduzirmos a máquina pública, o preço dos produtos que todos consomem, como arroz, remédios e outros, será radicalmente reduzido e a população terá mais acesso a produtos que antes não tinha, fomentando o aumento do consumo e, por consequência, a melhora da economia.

Abertura do mercado brasileiro:

Ora, quem tem medo de concorrência é o empresário. Nada melhor para ele do que ser o único a vender um produto, por exemplo. Dessa forma, resta claro que a concorrência é vantajosa somente para o consumidor, ou seja, para o povo brasileiro, pois, quanto mais empresas brigando para conquistá-lo, melhor e mais barato será o produto vendido. Assim, a abertura do mercado será altamente benéfica para a população e, por consequência, para a economia”.

Fonte:  KARLON AREDES – Portal O TEMPO